terça-feira, 17 de maio de 2011

Um lindo dia Solipsista



Quando um homem solipsista caminha no mundo, sôfrego, das teorias que emanam do porão de sua mente,  caminha por um lindo dia. Em sua paisagem teórica.

Fica explicado, que toda paisagem é teoria.

É de um porão; o sol ao centro, a natureza que a tudo diz ser unido, um amor que perpassa a todos, as palavras em qualquer praça. 

Isto é um pequeno conto de um passeio de poucos passos.

Mas ele diz andar, a cada passo, sob o chão de seu próprio crânio, e respirar o ar de seu próprio hálito, e tropeçar sobre o embaraço dos próprios cabelos.

Que mal há em não se perguntar por tudo a cada passo?

Ele não é o mais sábio nem o mais rico entre os homens. Ele caminha e decide coisas contra sua própria vontade, mas no mundo há teorias sobre isto também. Não há sequer outra pessoa no mundo que lhe assemelhe, como não há um só dia em que o rio mantenha as mesmas águas.

Pode agora chegar em casa, e olhar para o caminho do passeio, a paisagem.

O inconsciente mascara, porque é uma teoria do esconde-esconde, mas todo o inconsciente é exatamente tudo o que se encontra no mundo, porque, na vida, o solipsista é quem é o consciente, um jogo, de ver lá fora tudo que aqui dentro é absoluto, se ajo como meu próprio inimigo, enxergo também meu inimigo no mundo, com cabelo, crânio e hálito, se sou desejoso, tenho todas as tentações ali no espaço e no tempo de minha paisagem teórica. 

Só então entrevemos a fornalha. Do porão.

O solipsista não sabe mais do que o não-solipsista, não sabe mais de sí ou do mundo. Apenas possui uma certeza extra, a de que inevitavelmente caminha sempre por um interior, íntimo próprio. Tudo estando no mundo, atesta que é desnecessário intentar conhecer, atesta a sua existência e seu tamanho, tudo ao alcance da mão.


Este foi um lindo passeio.



Nota:

Um logos perpassa a tudo, e a todos. Um daimon existe em mim. Idéias compõe as coisas. Um motor imóvel mantém todas as coisas substantivas. A natureza são conceitos pertencentes a mim. O conceito visiona o absoluto. A realidade é o que é intencionado. A realidade é uma teoria sem referente. 

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