Assim Nicolelis nos diz que o cérebro influencia a si mesmo, e se molda de acordo com suas próprias decisões neuronais. [Ontem em sua palestra].
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Antes, Maturana havia nos dito que "os seres humano se caracterizam por, literalmente, produzirem-se continuamente a si mesmos – indicamos ao chamarmos a organização que os define de organização autopoiética." Isto está em seu livro, A árvore do conhecimento. A publicação é de 1987.
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"Quando as condições mudam a célula reage a novas excitações de maneira nova. Ela assimila; mas sua substância, em vez de permanecer idêntica a si, modifica-se." (Delbet, 1920)
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O que a ciência está a ficcionar é a objetividade. A objetividade é uma invenção da ciência que trouxe algum constrangimento para as ciências humanas, por um bom tempo, até que, invertendo a mesa, vimos que foi a ciência quem se esquivou da natureza da própria objetividade; era um produto da subjetividade.
A física mais sóbria de nosso tempo é obrigada a aceitar que o próprio instrumento modifica o objeto de estudo. Ora, não é exatemente isto que Nicolelis e Delbet viram no cérebro, e que Bachelard viu na consciência, e Maturana e Varela nos seres vivos?
Vamos perceber o vulto da filosofia passando por aqui, vulto e não objeto, pois o objeto aqui é das ciências. A filosofia pôde mostrar que o instrumento primordial era a consciência e não o neurônio e não o sistema nervoso, e não a composição físico-química. Mas então, a determinação da consciência é modável na célula, ela mesma é parte da decisão, a mente decide porque a célula decide e não é sempre idêntica.
A explicação de Bachelard consegue fazer não apenas entender-se, mas, explicar. É justamente assim que se passa com o vulto filosófico, dispença qualquer prova.
O neurônio parece ser sempre um vestígio de pensamento, os dados digitais, e os sons destes neurônios continuam sendo vestígios, o corpo biológico, apenas vestígio… vestígio de ações humanas que passaram.
Reunimos vestígios em volume que gostaríamos de chamar de provas.
Mas somos essencialmente retóricos do mundo, mostramos um vestígio apenas para dar como prova aquilo que simplesmente decidimos por certo e verdadeiro, uma confabulação.
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